A trasnparência tem peso?
Estou fazendo uma transcrição do capítulo dII escrito por Sílvia Matos no livro “a transparência tem peso?” – Editora Medita, org.Lygia Eluf , 2011.
A ideia é tornar este texto acessível a mais pessoas.
A transparência tem peso?
Vou considerar a pergunta do pato “a transparência tem peso” em relação a algumas obras minhas feitas com fibra óptica.
A fibra óptica é composta por um pedaço de vidro ou materiais poliméricos com a capacidade de transmitir luz. A fibra que eu uso é quase tão fina quanto um fio de cabelo e o vidro, ou cristal, é revestido de plástico. Tanto o vidro como o plástico são transparentes.
Quando estou montando uma instalação, junto vários feixes de fibra óptica e crio desenhos no espaço envolvendo-os em plástico cristal. Se fotografar essa obra à luz do dia, ela apresenta uma série de transparências que dão uma sensação de leveza ao nosso olhar (Figura 1).
Figura 1
Por outro lado, as fibras revestidas de plástico amontoadas umas sobre as outras, à espera da montagem na instalação, não tem a mesma leveza. A transparência no primeiro plano é mais leve, aquelas dos outros planos são subentendidas e visualmente causam um peso na imagem geral, apesar do nosso conhecimento prévio de que todas são transparentes (Figuras 2 e 3).
Figura 2
Se eu deixar o ambiente todo escuro e utilizar a propriedade da fibra de conduzir a luz, tenho efeitos variados de acordo com o material com que a obra é revestida e de como é instalada. É preciso deixar claro que o efeito das instalações, vistas a olho nu, difere completamente do seu registro em foto ou vídeo.
Na obra "Vestais", os vários feixes, ao longo dos quais parte da luz foi interrompida, foram encapsulados em redes de voil branco transparente e exibidos numa sala toda branca. Vistas a olho nu, Vestais eram diáfanas e extremamente leves. Na foto (Figura 4) a transparência ainda é leve mas, com o acúmulo de imagens, ela fica parecendo mais pesada.
Figura 4
A obra "Pintura Luz" (Figura 5) é exibida no escuro e a luz da fibra óptica só vai surgir na ponta da mesma. A olho nu, vê-se a transparência do plástico que envolve a obra e os vários planos, uma vez que a luz vai se refletindo ao longo dos feixes, tornando-a bem leve. Mas, como a foto registra mais intensamente a luz, a transparência existe mas é imperceptível e se torna pesada.
Figura 5
Na foto da obra "Genetrix" (Figura 6) a transparência é leve por ter sido iluminada externamente para tal registro. Fotografada só com a luz emitida pela fibra óptica, a transparência é menor (Figura 7).
Figura 6
Eu diria que o peso da transparência depende tanto da obra como do olhar do espectador. O que para mim parece leve, para outros pode parecer muito leve, pouco leve ou até mesmo pesado.
REFERÊNCIA
MATOS, Sílvia – Vou considerar a pergunta do pato – cap. dII - o livro “a transparência tem peso?” – Editora Medita, org.Lygia Eluf , 2011.
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