Exposição Jogando com Texturas - 2023


 Aqui estão imagens, convite e notícias desta exposição realizada no Sílvia Matos Ateliê de Criatividade.

Aqui, em primeiro lugar, apresento o comentário do Curador

DIALÉTICA SÍSMICAS NA CONSTRUÇÃO DE PERCURSOS ARTÍSTICOS.

        A pesquisa artística  de Sílvia Matos se mobiliza na pluraridade de ferramentas para construir, também plurais, modalidades artísticas contemporâneas.Obras de arte e artista, artista e obras atingidas pela diversidade de embates que afetam a produção da artista visual residente em Campinas, São Paulo e reverberam en variados manifestos visuais em suas tensionalidades formais, espaciais e conceituais

        Na série Aquarelas (2023), produzida especialmente para este projeto, Matos explora a maleabilidade (formal e subjetiva) de um conjunto de imagens digitais e, inspirada por elas, pinta em voil. A partir de intervenções sobre intervenções, criação e destruição, a perspectiva do movimento e a cor, as cartografias estruturadas e estruturantes se conjugam numa instalação no espaço arquitetônico do Ateliê de Criatividade. Instalação e diálogos, como plataforma para se pensar o tempo, a finitude, a incerteza, ao tecer a malha de referências que nos faz deparar, como seres humanos, com as sutís convergências e divergências entre o finito e o infinito, entre o real e o subjetivo, entre o tradicional estruturado e a atualização e inserção na pesquisa  dos avanços de tecnologia para uma atualização caudalosa entre esse momentos. Onde a experiência  e a racionalidade são colocadas à prova e resolvidas na potência dos conjunto de obras e as relações entre elas, no espaço arquitetônico e com os espectadores.

        As obras da série Tapetes feitas com frames da pele da artista, se estruturam em uma composição cromática e cartográfica singular. Matos alerta metaforicamente sobre a fragilidade temporal da vulnerabilidade social que nos circunda. O resultado é de uma beleza impar e instingante com a inserção de referentes que nos aproximam e nos tensionam pela dicotomia cromática estrutural do conjunto. Nessa aproximação com as realidades cotidianas, a partir do registro pessoam aparecem concomitantemente e subjetivamente particularidades sociais e até geopolíticas: vulnerabilidade e fragilidade, cromatismop dialético reverberante combinado com simbolismos que nos aproximam e nos diferenciam.

        Essa dicotomia ssociativa entre o formal e o conceitual se verifica na série instalações (2023) ao inserir imagens fotográficas em esculturas de torso e nas árvores do jardim do Ateliê. Mesmo com projeções espaciais e conceituais díspares, é possível identificar pontos de conexão nos processos de criação que regem cada uma das obras de arte, mesmo em suportes diferentes. A seleção de cada frame  a ser inserido e posterior inserção se dá em processos que tensionam e desmentem as técnicas tradicionais ao se estruturar como modalidades artísticas contemporâneas: instalações,pinturas, impressões digitais, escultura, colagens. Procedimentos reversíveis de assimilação e complexidade transgressora na assimilação e reversão de processos e ciclos naturais e materiais, ao intervir e converter as árvores em instalações artísticas, por exemplo.

        Como coloca no seu poema À noite sonhamos em AVANTI-CAMPINAS[i]

       {...} Esse é o ponto em que posso começar a trabalhar até achar onde devo parar.

       Está pronto!

       Mas, ainda é o caminho, a procura, o questionamento da pintura ...

       Não é a chegada ...

 

        A potência de vida e tragetória artística e pedagógica de Sílvia Matos reverbera no projeto. O uso de seu Ateliê na formação de artistas, ao propiciar diálogos entre diferentes agentes artísticos contemporâneos e a utilização sistemática  de recursos formais e concentuais,que reforçam radicalmente o papel do artista e da obra de arte junto à educação e instrução na sociedade contemporânea. O projeto Painel de Argila, Vida em Expansão (1993) e o Museu dos já foram (digitalmente, em 2021 e presencialmente, em 2022) exemplificam essa afirmação.

        Já no meu texto crítico da exposição na Casa Contemporânea em São Paulo (2019)[ii] destacava como a artista constrói e projeta cirurgicamente suas obras de arte a partir de procedimentos relativos à pintura e à fotografia, vistos aqui como receptáculo tridimensonal expandido. Colocando em cheque discursos técnicos tradicionais da arte e questionando a tradição e os códigos da pré arte contemporânea. E continuava, como artista contemporânea, [...] vigoriza em sua pesquisa artística as ordens de tensionamento do fazer artístico contemporâneo conceitual e espacial. E com isto fomenta questionamentos particulares e coletivos; vivifica a polissemia de estratégias a serem exploradas como (e com os demais) agentes do campo artístico que concomitantemente provocam a diluição das bordas rígidas de classificações  tradicionais e ativa estratégias inteligentes além de tentativas de instauração orgânica.

 

                                            PhD Andrés I. M. Hernández

                                            Curador

                                             São Paulo, outono de 2023

      .

 



[i] MATOS, Sílvia. À noite sonhamos, 2018. In: HERNÁNDEZ, Andrés I. M. AVANTI CAMPINAS. Obras comentadas, São Paulo. Edição do autor, 2019, pag. 163.

 

[ii] Exposição Inês Fernandez, Olívia Niemeyer e Sílvia Matos – Sem convenções na CONTEMPORÂNEA [S], Casa Comtemporânea SP. 2019

 

 
 
 
 

 

 


 


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